Dois a dois, escrevemos aquilo que nos chega à ponta da caneta, passando do mais profundo do nosso pensamento para tudo depender de uma mão. Sentimos complicidade no escrever, como se de um simples olhar se tratasse e, ao completar aquela frase que parecia ter um sentido, sinto que consigo completar algo mais dentro de mim. É como se o 'eu', aquele que se esconde e se liberta em poemas, se conseguisse reinventar quando não estou sozinha no mundo da escrita. O mesmo acontece quando leio alguns autores; faz-me reinventar o que já foi pensado e por isso concordo quando dizem que o leitor é o último escritor de um livro, porque sem a sua perspectiva nunca ficará completa a obra. António Lobo Antunes, na entrevista que pus aqui em video, diz que o livro também deveria ter o nome do leitor, se isso fosse possivel é claro, pois sem o leitor, tudo fica incompleto. Isto não só se aplica ao mundo das letras e da expressão escrita, mas também a nós próprios: sem o outro não nos conseguimos completar, sem Deus somos vazios de sentido e objectivos; todas as metas que impomos parecem não ter um propósito quando não estão direccionadas a Ele e, por isso, nós sem Deus seremos sempre incompletos.
As amizades são também uma constante busca de encontrarmos pequenos momentos que nos completem, não recebendo, mas dando-nos também. Só o facto de nos sorrirem depois de fazermos uma boa acção, completa-nos profundamente naquele momento. O facto de sabermos que mesmo que ninguém nos sorria, Deus sorri-nos sempre perante as boas acções, completa-nos ainda mais, porque sentimos verdadeiramente valorizados os nossos esforços por sermos cada vez melhores.
Termos sempre uma mão amiga é optimo, mas ser aquele que dá a mão é melhor ainda, pois os poemas não se escrevem sozinhos e conseguir dar a mão para ajudar o outro a acabar o seu poema é o melhor de uma amizade.
Assim, digo-vos, espero que não desistam de escrever só por não terem forças de acabar o texto. Existirá sempre alguém que vos ajudará a acabá-lo.
Susana
Para pairar e ler um pouco de tudo. Para se sentir que existe vida aqui. Fotografias tiradas de www.flickr.com
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Poemas aos Pares
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4 comentários:
Maravilhoso!
A escrita é de facto um mundo completamente paralelo e maravilhoso, mas com elos para a realidade quotidiana que presenciamos indiferentemente. Aqui podemos reinventar-nos e vingar verdadeiramente os nossos propositos mais honrados, enquanto que no dia-a-dia nao temos a coragem, a força, a vontade, a persistencia e o sacrifio suficientes para os pôr em pratica. É, sem duvida, uma ponte e bom começo para tudo aquilo que poderemos ser, porque transparece muito mais aquilo que pensamos do que a emaranhada rede de ideias que constantemente se forma na nossa cabeça, porque na verdade o papel é mais sincero que a mente. A escrita colectiva é, por outro lado, fascinante, porque nao so nos reinventamos e transparecemos a nós proprios como que ainda ajudamos o outro, ao mesmo tempo que recebemos ajuda. Quer dizer, acho que ja disseste tudo maninha :) beijinhos!
Susana, três palavras: PELE DE GALINHA!
uau. és um espectaculo.
adoreeeeei!
e não, nao me vou limitar a visitas de médico. Pq este post merece mais que isso!
Gostei tanto de tudo, a partr daqela frase: "As amizades são também..." . Estava espectacular. Queria salientar alguma coisa, mas tudo é "salientável"...
Posso sim transcrever e, num pormenor, modificar uma frase:
"Termos sempre uma Mão Amiga é optimo, é confortável, mas ser aquele que dá a mão é gratificante, pois os poemas não se escrevem sozinhos e conseguir dar a mão para ajudar o outro a acabar o seu poema é o melhor de uma amizade, mesmo que sejam versos soltos, pois são estes que constroem muitos poemas."
Não, não vou desistir de escrever. E são pessoas como tu que me puxam para isso.
Obrigada SUSANA (não com letra maiúscula, mas todo o nome de maiúsculas, poqur não é um nome próprio, é uma pessoa própria, TU).
Cacao
(ah, uma sugestão, põe mais parágrafos:P)
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