Por toda a parte das casas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceiro andar...
Não oiço já passos no segundo andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Vai tudo dormir...
Fico sozinho com o universo inteiro.
Nem quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anti-citadino!...
Antes, recluso
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel - demasiado rápido! -
Os duplos passos em conversas falam-me...
O som de um portão que se fecha brusco dói-me...
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,...
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa...
9/8/1934 Álvaro de Campos
2 comentários:
está bónito, citando a Prof de port:P so no fim é que eu reparei q o poema era de Álvaro de Campos, lool. mas gostei, apesar de ainda querer saber a razao para uma coisa, mas depois me contas mana. bem, beijinhos!
Álvaro de Campos, Fernando Pessoa...realmente este senhor é um génio!
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